Cardiologia ganha ultimato para apresentar proposta aos trabalhadores na mediação do TRT-4
Caso proposta de quitação dos salários, 13º e verbas rescisórias não seja apresentada, sindicatos poderão pedir o bloqueio de bens, comprometendo o plano de Recuperação Judicial
Total falta de respeito com mais de 200 trabalhadores que dedicaram anos de sua vida profissional ao Instituto de Cardiologia de Porto Alegre. Essa foi a triste sensação que todos tiveram ao participar da segunda tentativa de mediação entre sindicatos e instituição, nesta terça (19), no TRT-4.
Os representantes da gestão do Cardiologia não levaram nenhuma proposta para apresentar na mediação. Limitaram-se a falar dos problemas de fluxo de caixa da instituição e sinalizaram que negociações com bancos estão em curso.
Os(as) trabalhadores presentes na mediação trouxeram relatos emocionados sobre as dificuldades financeiras que estão enfrentando pela falta do pagamento de seus vencimentos ou das verbas rescisórias. Também falaram do constrangimento de não conseguir retornar às suas atividades profissionais – mesmo com a decisão judicial de reintegração – pois tiveram seus crachás recolhidos pela instituição e estão sendo barrados pelos guardas. Esse ambiente de incertezas está levando a uma situação insustentável para esses trabalhadores e suas famílias, justamente na época de Natal.
Durante a mediação, também houve o relato de que os valores descontados em folha para pagamento do plano de saúde dos funcionários não foram repassados pelo Cardiologia, o que pode representar apropriação indébita.
Sensíveis a todas essas demandas dos trabalhadores, o desembargador Alexandre Corrêa da Cruz, vice-presidente do TRT-4, e a juíza auxiliar da Vice-Presidência, Luciana Caringi Xavier, deram prazo de 24h para a gestão do Cardiologia apresentar uma nova proposta.
Uma nova sessão de mediação – excepcional, em função da gravidade do tema – foi marcada para esta quarta (20) às 17h, mesmo já sendo período de recesso do Judiciário.
A presidente do SERGS, Cláudia Franco, diz que está faltando empatia e boa vontade da gestão do Cardiologia e de seus assessores no processo de Recuperação Judicial. Cláudia também reforça que esses trabalhadores tiveram direito à reintegração então precisam ser pagos como todos os demais da folha da instituição.
Caso não sejam honrados os pagamentos do 13º salário e a integralização do salário de dezembro, e indicado o pagamento das verbas rescisórias para os desligamentos, os sindicatos terão de adotar ações judiciais envolvendo bloqueio de bens, o que prejudicará ainda mais a já difícil situação do Cardiologia.