SERGS repudia assédio e racismo contra enfermeira de Porto Alegre

 

O SERGS vem a público se manifestar sobre o fato ocorrido essa semana com a enfermeira Jéssica Lima, da Estratégia da Saúde da Família Santa Tereza, que foi alvo de racismo e assédio por uma usuária. A situação levou, inclusive, ao fechamento da unidade na tarde desta terça, dia 21, após a agressão.

O racismo é crime. Também toda a forma de assédio deve ser combatida com rigor. No desabafo de Jéssica (reproduzido abaixo, com autorização da enfermeira), é possível perceber quantas vezes os profissionais da enfermagem fazem muito além de seu papel e são discriminados. Soma-se a isso o momento de incertezas e pressão psicológica que todos os trabalhadores do IMESF estão vivendo.

Jéssica, o SERGS é solidário a você neste momento. Conte conosco e vamos juntos lutar contra toda a forma de discriminação.

 

Hoje um misto de revolta, cansaço e indignação estão tomando conta de mim.
Sim. Fui agredida. Dentro da unidade de saúde que atuo há quase 9 anos.
Uma usuária de saúde que já é bem conhecida da equipe e que não cansa de causar transtornos já vem há algumas semanas me “elegendo a bola da vez”.
Como se não bastasse nas últimas semanas eu ter sofrido racismo, injúria, agressões verbais de baixo calão, hoje ela também se sentiu no direito de me tocar chinelos e me ameaçar com objeto perfuro cortante.

Nessa semana, tenho acolhido os usuários de saúde da unidade com a equipe de enfermagem, e somente eu de nível superior para manter a unidade aberta. Ontem só pela manhã atendi 15 consultas de enfermagem (mais que os 12 atendimentos médicos por turno).

Poucos sabem, mas não meço esforços para atender aquela população e para que a unidade tenha um atendimento digno e sem morosidade aos usuários que lá acessam. Muito já usei o meu carro para carregar desde insumos básicos, como soro, gaze, até folhas para as impressoras, imobiliários porque a prefeitura não tinha como realizar o transporte em vários momentos. Já fiz muitas coisas que ultrapassaram a minha capacidade enquanto enfermeira para resolver diversas situações. Mas hoje me pergunto pra que? (Sei que é momentâneo, porém estou me questionando)

Meu sentimento hoje é descaso, desrespeito… Enfim são muitas coisas que passam na minha cabeça.

Amo a minha profissão, mas em nenhum momento fiz juramento de atender pessoas que me desrespeitassem como profissional e como mulher negra.

Não me bastasse todo o desrespeito que a gestão do Marchezan trata os profissionais concursados do IMESF, agora tenho que sofrer com esse tipo de situação.

Muito triste o momento que vivo, que vivemos.
As vésperas de eu completar 10 anos de formada, sinceramente estou repensando muito o que eu quero na enfermagem.

Desculpem o desabafo,  Jéssica Lima

 

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