Piso salarial e convenção coletiva: processos distintos na valorização da Enfermagem

A Enfermagem está cada vez mais próxima da conquista do Piso Salarial, uma bandeira defendida há mais de três décadas pelas entidades e por todos os profissionais. O Piso aguarda a sanção presidencial e só depois será implementado nos Estados, municípios e instituições e serviços de saúde.

Porém – para a surpresa dos sindicatos que representam a Enfermagem e outras categorias da saúde – a entidade patronal Sindiberf está usando como “argumento” para interromper as negociações deste ano a implantação do Piso Salarial, retardando assim, a urgente reposição financeira aos profissionais.

Estão misturando as coisas, para confundir os trabalhadores e, mais uma vez, desvalorizar a Enfermagem.

O SERGS repudia essa atitude arbitrária do Sindiberf, pois as negociações para Convenção Coletiva e a implantação do Piso Salarial são processos completamente distintos e independentes.

O Piso é uma conquista histórica para as(os) profissionais da Enfermagem, fruto de décadas de mobilização das entidades. Representa justiça – ainda que tardia – com uma categoria que foi incansável durante a pandemia e sempre atendeu a saúde da população ao longo da história, na linha de frente do cuidado.

A aprovação do Piso Salarial da Enfermagem foi resultado de um processo maduro e responsável de discussão, com envolvimento de sindicatos e entidades da Enfermagem e apoio dos Parlamentares no Senado e na Câmara Federal. Por meio de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC11) foi comprovado que há recursos, sim, para pagar o Piso aos profissionais da Enfermagem. Amplos estudos setoriais confirmaram que o impacto do Piso no serviço público não passará de 2% na folha e deve alcançar 4,7% nos serviços privados.  Ou seja: há muita Fake News circulando sobre esse tema, falácias de que os hospitais vão quebrar, o que não é verdade!

Já a Convenção Coletiva de Trabalho é o instrumento que busca garantir todos os anos a reposição de perdas financeiras, repactuando direitos conquistados pelos sindicatos de trabalhadores, direitos esses que vão além da CLT. Muitos colegas da Enfermagem nem imaginam, mas cada adicional que um(a) enfermeiro(a) recebe em seu contracheque ou benefício que usufrui em seu local de trabalho é fruto de muitas horas de luta do sindicato, pois geralmente as entidades patronais são inflexíveis em conceder avanços.

Os mesmos gestores que investem fortunas cobrindo de mármore os hospitais e promovem campanhas para aplaudir a Enfermagem, são aqueles que achatam salários e encontram argumentos para não valorizar os profissionais.  Aplausos esses que não enchem carrinho do supermercado!

Basta de hipocrisia e desconsideração. Chegou a hora de valorizar de verdade a Enfermagem.

Com responsabilidade e trazendo sempre a verdade para sua base, o SERGS segue na luta para fazer o Piso Salarial ser efetivamente implementado e pago e para conquistar também a jornada de 30h. E exigimos a retomada das negociações coletivas para minimamente repor as perdas inflacionárias que estão a corroer o poder de compra de enfermeiras(os) e de todos os demais trabalhadores brasileiros.

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