Falta de respeito e sensibilidade das entidades patronais inviabiliza mediação no TRT-4
Insensibilidade e falta de respeito com as vidas dos trabalhadores e trabalhadoras na linha de frente da Covid no RS. Infelizmente, esse foi o resultado da última sessão de mediação conduzida no TRT-4, nesta quinta, dia 2, na ação que cobra a testagem dos profissionais da saúde, movida pela CUT e Feessers.
As entidades patronais Fehosul, Federação das Santas Casas alegaram mais uma vez não ser possível atender a proposta da desembargadora Ana Luiza Heineck Kruse, que previa a testagem dos trabalhadores sintomáticos e seus contatantes. As entidades patronais afirmam não ter recursos e se comprometem apenas a orientar os hospitais para a testagem. Com isso, a mediação no TRT-4 foi encerrada. A Federação dos Municípíos (FAMURS), que representa as secretarias municipais da saúde se comprometeu a encaminhar uma proposta de maior atuação da entidade na promoção da realização da testagem junto aos órgãos municipais, dentro de sua esfera de competência.
De acordo com a presidenta do SERGS, Cláudia Franco, foram meses de exaustivas rodadas de mediação no TRT-4 para garantir a testagem seriada dos profissionais envolvidos diretamente no atendimento da população durante esta pandemia. “Mas a resistência das entidades patronais infelizmente prevaleceu, mesmo com todos os esforços do Judiciário para tentar chegar a um acordo”, afirma Cláudia.
O Rio Grande do Sul é o estado da região sul com maior número de casos registrados de Covid-19 entre trabalhadores(as) da enfermagem (3.140), conforme dados do Observatório da Enfermagem do Cofen. O RS também é o segundo em número de óbitos na região sul, com a perda das vidas de 10 colegas.
“Agradecemos o esforço do Judiciário nesta mediação e lamentamos a falta de sensibilidade dos gestores”, afirma a presidenta do SERGS, entidade que defende, desde o início da pandemia, a testagem em larga escala das(os) profissionais como forma de combater os surtos nas instituições e preservar a saúde das equipes e da população.
“Seguiremos na luta, pois é inadmíssivel que os profissionais da saúde continuem se contaminando e colocando em risco suas vidas e de muitas outras pessoas, aumentando, com isso, o ciclo da doença”, analisa a presidenta do SERGS.
CUT, Feessers, Sindicatos da saúde envolvidos e Coren-RS devem se reunir ainda nesta semana para tomar novas medidas jurídicas cabíveis.