Sofrimento psíquico e falta de equipamentos e treinamento são preocupações do trabalhador da saúde levantadas em pesquisa internacional

 

A campanha “Trabalhadoras e Trabalhadores Protegidos Salvam Vidas”, idealizada pela ISP – Internacional dos Serviços Públicos, organismo sindical internacional que representa 30 milhões de trabalhadores em todo o mundo, em parceria com inúmeras entidades, entre elas a CNTSS/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social, coleta dados de profissionais da saúde de todo mundo. Além da tabulação semanal dos dados para acompanhar as alterações nas redes de saúde, a metodologia adotada prevê a realização de reuniões, também semanais, com as entidades participantes para traçar ações em defesa dos trabalhadores.

Os relatórios iniciais demonstram que 1.794 trabalhadores de saúde e de demais área do serviço público responderam ao questionário virtual contido na página da Campanha durante o período de 27 de março a 21 de abril de 2020. Deste total, 1.017 foram questionários de São Paulo, 253 do Ceará, 88 do Rio de Janeiro, 71 de Santa Catarina, 67 de Minas Gerais, 53 do Rio Grande do Sul, 52 do Rio Grande do Norte, 46 no Paraná, os demais questionários foram diluídos nos demais Estados.

As respostas demonstram que em muitos locais de trabalho ainda se mantém a grave situação de falta de itens estabelecidos como EPIs – Equipamentos de Proteção Individual necessários para a preservação da vida dos trabalhadores e para um atendimento cada vez mais seguro à população. Os dados mostram que é mais comum a a aquisição de álcool gel, luvas, máscara e óculos. Além disto, as quantidades para troca e higienização são insuficientes para 62% dos profissionais que responderam o questionário. Ou seja, a precarização das condições de trabalho se confirma com a falta de alguns itens prioritários de segurança e a constatação que os que têm não são suficientes para troca constante, conforme preconiza os protocolos do Ministério da Saúde, assim como em alguns casos o que é adquirido não possui boa qualidade.

Outro dado diagnosticado na pesquisa diz respeito à falta de treinamento para atendimento da população nesta condição de pandemia e também para os cuidados pessoais destes profissionais tendo como referência os atuais padrões e protocolos definidos pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária para contenção do Covid-19. Neste quesito, a resposta foi negativa em 64% dos questionários. Este percentual avança para 80% quando se refere a treinamento para o atendimento da população. Uma situação bastante grave tendo em vista as especificidades do trabalho, os riscos de contaminação e o volume de atendimento que a cada dia se multiplica.

Também preocupa o sofrimento psíquico e de assédio moral a que estes trabalhadores estão sendo submetidos neste momento de combate à pandemia. 53% dos trabalhadores dizem que estão sendo vítimas de algum tipo de sofrimento, 45% acredita que não e 2% não quis responder. Sobre este tema, comentários espontâneos descritos nas respostas mencionam sofrimento por conta da execução de suas funções dentro de uma situação de extremo risco sem os equipamentos e quantidades adequados para evitar o contágio e por estarem lidando com situações muito complexas sem o treinamento adequado.

 

Como participar da pesquisa

A proposta brasileira incluiu no escopo da campanha a coleta de informações por meio de um questionário online onde os trabalhadores da saúde e das demais áreas essenciais podem responder aos questionamentos feitos sobre suas reais condições de trabalho. Basta acessar o site da campanha para preencher o questionário ( trabalhadoresprotegidos.com.br ). Os dados obtidos, que são sigilosos e não há necessidade de identificação do profissional no momento de responder as perguntas, serão transformados em relatórios para facilitar o diagnóstico e as análises das entidades participantes com vistas a adoção de medidas.

Fonte: Assessoria de Imprensa CNTSS/CUT

 

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