A crise na força de trabalho da saúde é tema de debate organizado por Comitê em Defesa das Vítimas da Covid 19

A quarta live da série “A Covid e nós” ocorreu na noite desta terça-feira através do perfil do Conselho Estadual de Saúde (CES/RS), e trouxe como tema “a crise na força de trabalho da saúde”. Organizado pelo Comitê em Defesa das Vítimas da Covid 19, o evento, que ocorreu das 19h às 20h, contou com a presença de Inara Ruas, diretora do SERGS e conselheira do Conselho Estadual de Saúde (CES/RS), Júlio Jesien, presidente do SINDISAÚDE e a Dra. Gabriela Schuster da Rosa, psiquiatra e diretora do SIMERS.

Durante a live os participantes mencionaram a situação da saúde nos municípios onde os contratos de trabalho estão precarizados. Diversos profissionais estão acometidos pela Covid-19, com alguns desses trabalhadores sendo vítimas de sequelas. Recentemente uma pesquisa realizada no Rio de Janeiro, mostrou que fatores ligados à desigualdade social influenciaram para a contaminação dos trabalhadores da saúde pelo coronavírus entre junho e julho de 2020. No caso dos trabalhadores que utilizam transporte público – ônibus, metrô ou trem – os casos positivos foram mais frequentes quando comparados com aqueles que podiam ir caminhando ao trabalho ou de carro, moto, táxi ou transporte por aplicativo. Profissionais da limpeza foram os mais afetados, com 47,5% deles contaminados. No caso dos enfermeiros, técnicos de enfermagem e médicos o percentual de positividade foi de 25%.

Os convidados fizeram crítica ao Governo, como um todo, devido ao seu caráter notificatório restrito. Casos de infectados curados e infectados que faleceram são registrados, enquanto os casos de pessoas adoecidas que obtiveram sequelas devido a doença não.

Durante a conversa foi ressaltado que devido à sobrecarga ocasionada pela variante Ômicron nos hospitais e postos de saúde, muitos profissionais adoeceram obrigando instituições a remanejarem profissionais para a linha de frente. O problema apontado fica por conta da falta de experiência de alguns trabalhadores, que muitas vezes não contam com preparo, e são jogados em um ambiente insalubre sem o equipamento básico de proteção em muitos casos.

Desde o início da pandemia a saúde carece de uma regulamentação. Mais de dois anos passados com pandemia demonstram ainda a falta de urgência e interesse da classe política para a regulamentação da saúde, obrigando muitos profissionais a se adequarem em uma realidade nada propícia aos trabalhadores – desde a reforma trabalhista no Governo Temer.

Ao final da live Inara Ruas reforçou que a precarização da saúde, em especial a atenção básica, tem feito municípios terceirizarem cada vez mais a saúde. Muitas vezes quem assume são empresas recém-criadas sem nenhuma experiência. Casos de atrasos salariais por parte dessas empresas não são raros. Neste ponto Inara lembra a situação de Canoas com a GAMP, e das dificuldades que ainda hoje são enfrentadas.

Ainda que os profissionais da saúde sejam aclamados e exaltados por figuras políticas e influenciadores nada parece ser revertido em seu favor. Com exposição ao Covid-19 nos atendimentos sem equipamentos adequados de proteção, profissionais sobrecarregados e com burnout, profissionais recém-formados e jogados na linha de frente sem nenhuma preparação, esperar que uma regulamentação seja votada e sancionada não é mais provável que a doença chegue ao seu fim espontaneamente. Sem apelo popular, os profissionais seguem expostos e sem alternativa a não ser depender de seu melhor.

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