SERGS Debate discute uso da cloroquina e flexibilização do isolamento
A segunda edição da live SERGS Debate aconteceu nesta quarta (10), com transmissão pelo Facebook. O tema foi Cloroquina e Isolamento Social e teve a participação do médico e professor universitário especialista em Medicina da Família, Alcides Miranda, da farmacêutica e presidente do Sindifars, Débora Melechi, da presidente do SERGS, Cláudia Franco, e do delegado sindical e enfermeiro do IMESF, Estêvão Finger, ex-presidente do sindicato.
Mediado pelo enfermeiro Estêvão, o debate discutiu temas importantes como o negacionismo da ciência, a prescrição, dispensação e uso responsável de medicamentos e a necessidade de medidas mais rigorosas de distanciamento social.
A farmacêutica Débora abriu o debate abordando a falta de evidências científicas para a prescrição em larga escala da Cloroquina, relatando a recente Recomendação do Conselho Nacional de Saúde (CNS) para suspensão das orientações de uso cloroquina para sintomas leves. Débora também lembrou que o Conselho Federal de Farmácia está facultando aos profissionais o direito de se opor a dispensar a cloroquina. “Nós, profissionais da saúde, temos responsabilidade com a vida das pessoas”, afirmou. E lembrou o grande filósofo Sócrates: “A vida sem ciência é uma espécie de morte”.
O médico Alcides trouxe para o debate a falta de responsabilidade do Poder Público ao flexibilizar as medidas de isolamento social, justamente neste momento em que aumenta a transmissibilidade do Covid-19 e o número de óbitos e notificações registrados. “Essa é uma atitude criminosa, que não se faz em um momento de progressão dos casos”, pondera.
Alcides ressaltou que é preciso observar também os eventos sentinela que acontecem em todo o país e que podem estar associados à infecção pelo Covid-19. “Há uma centena de casos não monitorados e óbitos domiciliares acontecendo sem diagnóstico em São Paulo e em vários outros locais do país”, observou. Para o professor, impor uma flexibilização nas grandes cidades gera uma falsa sensação de segurança e naturaliza os milhares de óbitos que estão ocorrendo. Ele lembra também que o Brasil se encaminha para o pior cenário projetado no início da pandemia e que o atual governo federal pratica a necropolítica, sonegando informações oficiais.
O enfermeiro Estêvão finalizou demonstrando sua preocupação com essa naturalização da morte, principalmente da morte da população periférica. E reforçou o papel da atenção básica, lamentando o desmonte deste serviço que ocorre atualmente na capital gaúcha, como o anúncio de fechamento de postos como o da Vila Tronco, ocorrido na última semana.
As lives SERGS Debate acontecem todas as quartas, às 18h, no Facebook do sindicato. Na próxima quarta, dia 17, o tema será Violência, com a participações já confirmadas da enfermeira Vanderleia Valduga, da advogada feminista e especialista em direitos humanos, Ariane Leitão, da delegada Tatiana Bastos e da enfermeira e professora universitária Virgínia Leissmann Moretto, especialista em Violência Obstétrica.