A atuação da enfermagem no município de Porto Alegre no enfrentamento do HIV

A Aids já ocupa espaço na sociedade há 36 anos. Neste contexto, apresentou muitas transformações, tanto referente ao perfil de transmissão e infecção, como na evolução do diagnóstico e farmacologia. Carrega na sua trajetória muitos estigmas e processos discriminatórios, que sustentam um imaginário social de preconceito.

O estado gaúcho e a sua capital, Porto Alegre, por muitos anos, sustentam números elevados no que se refere a taxa de detecção de HIV, óbitos por Aids, coinfecção HIV/ Tuberculose. Dessa forma, muitas políticas de saúde foram adotadas para impactar neste contexto. Principalmente, nos temas que referem se a mortalidade e a transmissão vertical do HIV da mãe para o bebê, incluindo estratégias potentes de prevenção.

As ações que foram significativas e impactaram na modificação desse quadro estão atreladas ao diagnóstico precoce a partir de testagem rápida, o tratamento de imediato independente da situação imunológica do paciente e a disseminação da prevenção combinada. A última reúne um conjunto de ferramentas que são oferecidas para o enfrentamento das infecções sexualmente transmissíveis, destacando o HIV, incluindo, como exemplo, tecnologias como as profilaxias pré e pós  exposição.Diante de tais medidas, houve uma melhoria nos números da Aids, no entanto não impactou a ponto de retirar Porto Alegre do ranking das capitais campeãs em incidência da doença.

O investimento e a potencialização das possibilidades de controle da Aids colocados acima são potentes para a reversão desta situação. E a equipe de enfermagem apresenta-se como categoria profissional  importante para o sucesso das ações, em especial ao teste rápido, ao tratamento das pessoas vivendo com HIV e as novas tecnologias da prevenção combinada.

Neste cenário, verifica-se o papel ativo da enfermagem, destacando a sua atuação na testagem rápida tanto na atenção primária à saúde, como em serviços especializados e Centro obstétricos.

 

O município de Porto Alegre vem habilitando os seus enfermeiros, desde 2012, nesta tecnologia e apresentou nestes últimos anos, a potência deste grupo no que tange  à realização do diagnóstico do HIV em qualquer  ponto da rede e um período curto de 20 minutos. No rol da testagem estão colocados testes como sífilis, hepatite B e C.

Esses processos forçaram a entrada de novas abordagens para o enfermeiro, como a formalização pelo COFEN,  em 2017, da prescrição da penicilina, bem como a liberação pelo Ministério da Saúde para a solicitação de exames de altos custo para monitoramento do HIV (contagem de CD4 e carga viral). Outra estratégia potente foi a liberação dos técnicos de enfermagem para a realização do primeiro testagem rápido de HIV do fluxograma de diagnóstico. Atualmente, o município de Porto Alegre conta com um número amplo de enfermeiros habilitados no diagnóstico de HIV e técnicos de enfermagem em processo de formação, sendo significativo o volume de exames realizados na APS por enfermeiros.

Diante disso, fica claro que a enfermagem atuante pode mudar o cenário da Aids em Porto Alegre e outras cidades com altos índices de incidência da doença.

Em diferentes esferas, seja na aplicação do protocolo de prevenção da transmissão vertical nas maternidades ou na realização do testes rápidos até o momento do acolhimento em uma unidade de saúde da APS.

Cabe ao enfermeiro incorporar as novas tecnologias no seu rol de atribuições, perceber a potência do seu trabalho e assumir o compromisso no enfrentamento da Aids. As novas ferramentas possibilitaram a categoria a aquisição de autonomia e nas suas práticas referente ao manejo da ISTs. Dessa forma, é imprescindível o reconhecimento dessas conquistas e a potencialização dessas técnicas para que a Aids seja eliminada da nossa cidade.

Daila Raenck – Enfermeira, com Residência Multiprofissional em Cardiologia, Mestre em Saúde Coletiva e doutoranda em Enfermagem. Atua na Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Secretaria Municipal de Saúde , coordenação do SAE/ HIV/ Aids, CTA/IST e CRTB Santa Marta.

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