IMESF: a luta é pelos empregos e em defesa do SUS

Hoje, passados mais de 60 dias do anúncio da demissão dos funcionários do IMESF, temos a nossa frente um situação diferente da situação inicial. No início deste confronto, realizamos enquanto trabalhadores todo um movimento no sentido de:

    • Divulgar o plano da prefeitura

 

    • Divulgar a ilegalidade da terceirização da atenção básica

 

    • Divulgar o risco para a saúde pública, a desassistência, a quebra do vínculo e a consequente perda da qualidade na prestação de serviços

 

    • Denunciar a demissão ilegal de 1840 trabalhadores concursados e extremamente importantes para a manutenção da atenção básica nos moldes que ela existe hj.

Este movimento teve diversas etapas. Houve paralisações, greve, atos de protesto em diversos lugares, reuniões com autoridades, políticos e representantes de diversas esferas de poder, todas com o mesmo objetivo: denunciar os pontos citados acima e tornar sensível o maior número possível de autoridades e políticos a questão do IMESF.

Estas ações atingiram um grau de êxito. Além da publicidade e do conhecimento da causa por toda sociedade, veio o apoio de órgãos importantes como os Ministérios Públicos e o TRT/RS. Inúmeras tentativas de negociação com o município foram estabelecidas, nenhuma delas exitosa e, em algumas, como a última mediação do TRT, a prefeitura sequer enviou representante – uma postura que mostra a total falta de desejo de resolução, colocando cada vez mais todos os entes jurídicos envolvidos a favor dos trabalhadores.

Nesta direção, os Ministérios Públicos protocolaram um pedido de medida cautelar que resguarde o direito dos trabalhadores e os proteja de uma demissão que é imotivada.

Tudo isso traz até o dia de hoje, e, contrariando todas as previsões dadas pela prefeitura, nenhum aviso prévio foi emitido.

Não podemos ser inocentes e tomar isso como a vitoria definitiva, pois não é, mas urge neste momento analisar a tática do inimigo e é este o meu objetivo neste texto.

A leitura que eu realizo deste momento em que nos encontramos é que o foco do inimigo agora é outro, uma vez que o nosso movimento conseguiu, no mínimo, atrasar os planos da prefeitura.

Diante deste atraso e dos impedimentos legais de levar o plano da terceirização à frente, a prefeitura modificou seu foco de ação. Inicialmente, o foco do ataque eram os trabalhadores, agora são os postos de saúde, no sentido de “tornar o serviço ruim”, para que depois tenham argumentos para justificar a terceirização.

Diversas ações da gestão me levam a acreditar nesta possibilidade, entre elas:

    • Transferência de funcionários sem seguir nenhum protocolo, promovendo esvaziamento de alguns serviços.

 

    • Transferência de funcionários estatutários com o mesmo objetivo.

 

    • Algumas GDs em reunião de colegiado anunciaram que cessaram as coberturas nas unidades, ou seja, quem está sem funcionários fica sem.

 

    • Previsão de férias segue trancada, fato que muda a programação de vida das pessoas e gera enorme descontentamento provocando afastamentos e novamente impacto no número de funcionários.

 

    • Determinação (de algumas GDs) que as unidades fechem quando não houver profissionais de ensino superior. Durante anos brigamos para que isso fosse feito, as GDs nunca toparam, mas agora que é conveniente ter postos fechados capciosamente veio esta determinação.

Tudo isso tem um único objetivo: promover o enfraquecimento do serviço e, com isso, a insatisfação da população. A consequência é o que ocorreu está semana na Unidade de Saúde Chapéu do Sol: tumulto, discussão e insatisfação dos usuários. Após enfraquecer os serviços, a própria prefeitura irá apresentar a “solução” do problema, que será ceder o serviço a entidades privadas.

Precisamos atentar que o foco agora é outro: atacar as unidades, torná-las “ruins” ao extremo, esvaziá-las movendo funcionários para outros serviços e assim poder justificar que uma “intervenção” é necessária.

Mais do que nunca neste momento é necessário empreender junto com todas as pessoas e entidades que puderem se somar a luta pela defesa não apenas dos nossos empregos, mas em defesa do SUS. O ataque a nós trabalhadores não acabou, mas agora ele virá sob outro formato, através da destruição dos postos de trabalho.

Pensem nisso e vamos construir juntos ideias para ações neste sentido.

Karine Perlasca – Técnica de Enfermagem do IMESF e estudante de Graduação em Enfermagem

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